sábado, 25 de julho de 2015

[VIAGENS] CÓRDOBA, ESPANHA


Córdoba a partir da torre do Alcázar de los Reyes Cristianos

Centenas de quilómetros de alcatrão com muito calor e muitas paisagens áridas e desérticas, tapas com tinto verano e um património cultural com fortes influências da ocupação árabe da Península Ibérica há mais de um milénio. Era isto que esperávamos quando nos fizemos novamente à estrada em direção a Espanha, desta vez para percorrer a escaldante Andaluzia.


Elvas

A paragem para almoço fez-se em Elvas, já com Badajoz à vista, e graças ao nosso fiel companheiro de viagem – Tryp Advisor – acabámos a almoçar n'O Lagar, um restaurante de comida tipicamente alentejana, com doses muito generosas, condimentada com prazer e servida calorosamente em travessas de barro. O vinho branco da casa servido ao copo, com abundância para impedir que os condimentos do Alentejo nos secassem o paladar, tinha um sabor intenso e aromático. Terminámos a refeição com duas sobremesas caseiras – sericaia com ameixa e molotof.


Lulas Grelhadas

Migas à moda da casa

Retemperados, regressámos à estrada, numa altura em que o termómetro já marcava os 32 graus. Sentíamos o calor e imaginámos como seria viver numa pequena vila onde a temperatura não desce abaixo dos 30 graus durante os meses mais quentes. Nem imaginávamos aquilo que nos esperava em Córdoba.


Sericaia com ameixa e Molotof

Pelas estradas nacionais espanholas, com longuíssimas retas onde o nosso Toyota se guiava a si mesmo, vimos a temperatura subir à medida que nos embrenhávamos em Espanha. Chegámos a Córdoba por volta das 19h00 e os 45 graus que nos receberam foram o melhor cartão de visita para aquilo que seriam os nossos primeiros dois dias viagem. Ficámos muito bem instalados no Hotel Eurostars Maimonides, localizado mesmo em frente à famosa Mezquita de Córdoba. Trata-se de um hotel de 3 estrelas que reúne um quarto confortável, espaçoso e com um ar condicionado muito eficiente (e acreditem que isto é muito importante em Córdoba!), com um preço muito razoável (as duas noites, com pequeno almoço incluído e estacionamento no parque do hotel, custaram-nos 120€) e uma localização excelente. Como o dia estava a terminar e o cansaço da viagem foi exacerbado pela temperatura da cidade, fizemos uma pequena caminhada após meia dúzia de tapas razoáveis no Bodegas Mezquita


Mezquita de Cordoba


Salmorejo

Berejenas califales con reducción de Vino dulce Pedro Ximénez

Córdoba à noite, a partir da Ponte Romana

Começámos então bem cedo a descobrir Córdoba. Como é uma cidade relativamente pequena e o nosso hotel se situava no centro histórico, facilmente visitámos todos os locais de interesse sem necessitar de transportes públicos. 


Templo Romano



Após uma agradável caminhada de 20 minutos chegámos até ao Palácio de Viana, uma faustosa mansão renascentista que foi a residência privada dos Marqueses de Viana até aos finais dos anos 70. Desde então é um marco da cidade de Córdoba, considerado bem de interesse público e com o bilhete de 8 euros é possível fazer uma visita guiada às inúmeras divisões (recheadas de peças de arte e antiguidades valiosíssimas) e passear tranquilamente nos 12 pátios que a envolvem. 


Interior do Palácio de Viana

Interior do Palácio de Viana

Pátio do Palácio de Viana

Pátio do Palácio de Viana

O Palácio tomou-nos toda a manhã e procurámos então um restaurante para almoçar. O Tryp Advisor levou-nos até ao Restaurante La Boca, onde fizemos a nossa refeição favorita em Córdoba. Com uma decoração muito moderna, elegante e arrojada, os funcionários são prestáveis no serviço e o ambiente muito muito agradável. A qualidade dos pratos principais (adorámos o risotto e o tataki de atún rojo con kikos!) não foi acompanhada pelas sobremesas, que ficaram muito aquém da restante refeição. O preço é moderadamente elevado (4 pessoas com 3 sobremesas - 91€) mas a qualidade tem o seu preço.

Interior do Restaurante La Boca

Risotto de higaditos con jámon ibérico y parmesano

Tataki de atún rojo con kikos

Debaixo de um calor sufocante seguimos então para a Mezquita pelas numerosas ruelas pitorescas de Córdoba e o refrescante interior da Mezquita pareceu-nos um pequeno milagre. O bilhete para a visita custa 8€ e, por mais 2€, é possível subir a Torre Del Aminar (nós optámos por não o fazer). Fundada em 785 os inúmeros arcos de terracota são absolutamente inolvidáveis e de imediato se fazem notar como a imagem de marca de todo o monumento. Apesar dos numerosos turistas, a caminhada é tranquila e convida à reflexão e contemplação de um local que carrega em cada pedaço um milénio da história de que somos feitos cada um de nós. 


Patio da Mezquita

Patio da Mezquita

Arcos no interior da Mezquita

Arcos no interior da Mezquita

Continuámos a nossa visita por Córdoba e fomos num pequeno salto até ao Bairro Judaico, onde se encontra a única Sinagoga da Andaluzia (restam apenas 3 sinagogas em toda a Espanha). Daí seguimos até ao Alcázar de los Reyes Cristianos onde passeámos pelo seu requintado jardim, constituído por numerosas fontes e árvores de frutos. A entrada tem um custo exagerado de 7 euros, mas o bilhete inclui ainda um modesto espectáculo de luz, som e água a partir das 22 horas.


Interior da Sinagoga

Bairro Judaico

Bairro Judaico

Alcázar de los Reyes Cristianos

Panorama dos Jardins do Alcázar de los Reyes Cristianos

Jardins do Alcázar de los Reyes Cristianos

Jardins do Alcázar de los Reyes Cristianos

Por último, e porque em Córdoba tudo se encontra a um pequeno passo, fomos até à Puente Romano, um local turístico por excelência com uma vista privilegiada para todo o casco histórico da cidade. Terminámos o dia na Taberna la Montillana e embora as tapas não fossem tão boas quanto esperávamos (não é muito feliz a ideia de juntar amêndoas com bacalhau e figos), tudo o resto nos agradou. O funcionário que nos atendeu foi sempre muito prestável, a decoração e o ambiente no restaurante são óptimas e no final fomos presenteados com uma refeição barata (cerca de 40€ para 4 pessoas) e um copo de Vino Dulce para cada um como oferta da casa.

Puente Romano

Rua do centro histórico de Córdoba

No terceiro dia em Espanha, e antes de nos fazermos à estrada em direção a Sevilha, fizemos uma pequena paragem nas ruínas de Medina Azahara, uma cidade edificada em 945 por Abdar-Rahman III e que simbolizava a grandiosidade do seu poder e autoridade. Com um museu multi-premiado – gratuito para cidadãos da união europeia – somos fielmente transportados para a época em que os califados dominavam o sul da nossa península.


Medina Azahara

Medina Azahara

Medina Azahara

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